segunda-feira, 11 de julho de 2011

Metrô

Tive a oportunidade de há poucos dias visitar minha cidade natal de uma maneira meio que 'relâmpaga', mas do tamanho exato para alimentar minha imaginação e claro, minha nostalgia.
Em menos de vinte e quatro horas fui e voltei, mas a meia hora que passei sobre os trilhos do metrô de Sampa foram suficientes para que as boas lembranças pudessem voltar.
Percebi que os trens estão mais modernos e que agora eles têm várias televisõeszinhas por vagão. O engraçado é que os motoristas ainda cantam a próxima estação e com ou sem modernidade, ainda é praticamente impossível de se entender o que eles falam (rs), portanto, fique atento ao mapa!
As portas também estão diferentes. Não há mais aquele borrachão em que eu, minha irmã com sete anos na época e tantos outros manos andávamos com as mão enfiadas, com os dedinhos pra fora um tanto quanto irresponsavelmente.
Não há mais também, claro que há algum tempo mas só agora pude constatar, os detentos do Carandiru porque não existe mais Carandiru, a estação sim, mas não a prisão e tampouco os detentos que ficavam com os braços e pernas pra fora das janelas gradeadas em quadradinhos. Todo dia, na mesma hora, eu e minha irmã acenávamos para eles e eles nos acenavam de volta.
Ah a linha um... Pra quem não sabe, a linha um é a que agora leva do Tucuruvi (meu bairro) ao Jabaquara... esses trens viram tantas de minhas mudanças...
Ela me viu com onze anos, pré adolescente, apaixonada por mil garotos, de mexa loira nos cabelos e batom vermelho, levando minha irmã pentelha e hoje tão saudosa, todos os dias em meio à poluição e aos travestis e cortiços da estação Armênia...
Ela me viu bicho-grilo, de boné, de calça de moletom cortada, louca para ser livre, descobrindo a poesia, buscando meu futuro, indo todos os dias pro meu cursinho na estação São Joaquim.
Ela me viu agora, mãe de um garoto de doze anos que não saberia andar sozinho de metrô, dona de minha vida, de meus interesses e de tantos interesses diferentes daqueles de quando eu dizia tchauzinho pros detentos, ou mesmo entrava no trem com um saquinho de salgadinho Piraquê! De cabelos curtos, atrás de meu visto para os States em uma ida ansiosa e uma volta feliz da vida com ele a caminho, orgulhosa de mais uma conquista.
Sempre foi assim, sempre é assim...
Nem sempre quem vai sobre os trilhos, é a mesma que volta.
Ah... o metrô e as linhas de nossas vidas...