domingo, 14 de outubro de 2012

Dia comum

Num dia como esse eu acordo ao lado do amor e o amor à meu lado me leva a viver.
Tomo um café da manhã com um pão integral de quinoa e castanha do pará, nem gosto mas estava pronta a experimentar.
Num dia como esse sei o que vou fazer de almoço e que deve sobrar pro jantar e saio cedo pra comprar ingredientes.
Tenho meus olhos abertos e minha sensibilidade solta e a caminhada de uma quadra até a padaria me traz imagens para refletir o dia todo.
Uma senhora linda e simpática, usando uma bengala nos pede pra cuidar de uma outra senhora cega caminhando pela calçada e que pretendia virar na rua Barão do Amazonas, em seu sentido inverso e totalmente diferente do nosso.
Resolvemos mudar nosso caminho e seguir a senhora cega, bem a nossa frente e que nem sabia que estávamos logo atrás dela a observando e nos certificando que ela realmente iria virar na rua certa.
E seguimos seus passos, sua bengala guia, sua mão nas paredes que por uma ou duas vezes a enganaram com suas reentrâncias até que enfim, na curva correta, ela conseguiu, virou, seguiu seu caminho e nós o nosso, aliás, voltamos a ele.
Num dia como esses, acho ainda tempo pra caminhar, tomar garoa, refletir sobre a vida e terminar com lasanha e Faustão na televisão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

domingo, 12 de agosto de 2012

Fugir de casa

Adorável infância, adorável inocência onde somos levados por uma esperança cega de que a solução de todos os nossos problemas (que problemas?) podem ser resolvidos se fugirmos de casa.

Fugir de casa vira uma fantasia, um sonho da aventura perfeita em que as possibilidades de uma vida nova torna-se realidade em nossas cabecinhas inexperientes.

Quando eu era bem pequenina, sentia-me exatamente assim e creio que assim também se sentiu meu amado filho que confessou-me um dia ter procurado maneiras de fugir pelo nosso muro e depois telhado. Os motivos do trauma que o levaram a tal pensamento nem sonho, mas o que fiquei a pensar foi o que o levou a não escapar pela porta, já que a chave está sempre lá!!! 

Minha amiga querida chegou a fugir pela porta da frente (com uma trouxinha nas costa como no desenho do Pica-Pau sim e o mais longe que pôde ir foi até a esquina de sua casa!!! (morro de rir ao pensar uma menininha meiga e loura querendo e efetivamente fugindo de casa!!!)

Na minha adolescência, quando geralmente as coisas ficam mais tensas, minha fantasia era fugir para Aparecida do Norte. Sim, onde fica a catedral da padroeira do Brasil. Eu acreditava que em uma cidade "espiritualizada" ninguém negaria um emprego à uma jovem estranha. Pensava tanto que me via vendendo santinhos, velas de 1,70 e fitinhas benzidas.

Sim, uma vez eu realizei a fantasia e no meio da madrugada, no meio da noite, saí correndo no meio da rua no meio de uma briga com minha mãe. Corri e fui seguida por minha muito menor irmã que preferiu seguir-me ou na dor ou na fantasia e que sentiu comigo a angústia e a sensação única do vento no rosto da madrugada do não-saber.

Muitas vezes ainda quero fugir... mas fugir pra onde?



sexta-feira, 20 de julho de 2012

A solução para todos os males

Para tristeza: Mickey Mouse
Para depressão: Mickey Mouse
Para mal humor: Mickey Mouse
Para chatice: Mickey Mouse
Para dor de cotovelo: Mickey Mouse
Para chifre: Mickey Mouse
Para mau olhado: Mickey Mouse
Para calo, olho de peixe e frieira: Mickey Mouse

Pode parecer que estou tirando sarro (e estou - um pouco), mas o mundo mágico de Walt Disney ( que há muito não pertence mais nem à família, é capaz de tirar tudo de sua cabeça e até alma com uma enxurrada de atrações, paradas maravilhosas e ofertas de venda desde os bichinhos mais fofos até as tranqueiras mais loucas. 
Lavagem cerebral à parte é sim um mundo maravilhoso e encantador voltado para o entretenimento de boa qualidade e vale a pena dar-se a oportunidade de curar-se pela alegria do Mundo Mágico do senhor Walter Elias Disney!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Fones de ouvido: cigarros modernos

Cigarros - além de bengala psicológica, inclui ou exclui da sociedade.
Inclui: aos seus iguais e aos que creem ser o fumante um descolado cowboy solitário como os das antigas propagandas.
Exclui: dos que odeiam seu cheiro e seus males. Dos que pensam ser o fumante um tonto que precisa de "um amigo fiel", de uma bengala, para encarar o mundo com a atitude do cowboy soltário das antigas propagandas.
Fato: fede e faz feder, faz mal e o mundo mudou: são poucos os que acreditam nos cowboys solitários das propagandas.

E o fone de ouvido, o que tem a ver com isto???

Inclui: aos que gostam do estilo "sou solitário e curto minha canção. Não estou nem aí pra vc, mundão".
Exclui: à todo o resto do mundo que não está escutando sua canção.

Tudo medo, tudo solidão.

Outro dia me deparei com uma cara andando no shopping com seus dois foninhos no ouvido (tudo bem, não pode fumar, mas pode ouvir música) com cara de quem curtia sua canção, cheio de atitude.
Tropeçou no piso. Caíram os fones, quase caiu o MPsabe-se-lá-o-número. Caiu a bengala, tava todo exposto... mó comedia!!!

O mundo te encontra, cara.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Árvre, arvrinha, arvredo

Amo árvores e tenho a sorte de morar em Ribeirão Preto onde árvores maravilhosas florescem nos alegrando os olhos e a alma.
Amo a florada dos flamboaiãs, com suas sementes gigantes e que caem como armas em nossos carros em nossas comuns ventanias.
Amo a florada dos ipês, desde os rosados contrastando ao nosso céu azul único, os amarelos, que iluminam a paisagem parecendo árvores mágicas de ouro e os brancos, ah os brancos! Sem dúvida o mais próximo que conseguimos chegar das árvores européias cobertas de neve e tão surreais na paisagem desta cidade de duas estações tão bem definidas: verão e inferno!
O curioso é que desde de bem pequena presto muita atenção à cada uma delas. Verifico as folhas, seu formato, suas flores, seu casco, fazia poções com suas partes sempre tentando conseguir uma cor bonita (quem já fez isso sabe que sempre fica marrom no final!) e/ou extrair seu perfume (quem já fez isso sabe que sempre fica com cheiro de mato amassado mesmo!).
Mesmo sendo de cidade grande cresci subindo em árvores e sempre tentando escalá-las até o galho mais alto que pudesse. Ficava lá horas e meu sonho era ter uma casa na árvore (quem nunca quis ter uma casinha na árvore?). Chegava a levar almofadas, tentar fazer um elevador e até pregar uns pregos gigantes nas pobres na tentativa de fazer uma plataforma, mas sempre sem sucesso - as almofadas caíam, os pregos não entravam e levar o quê no raio do elevador???
Com meus primos do interior era também muito divertido. Todo mundo subia, numa ordem certa por lugar, e ficávamos lá na goiabeira do pasto, onde era a sede de "nossa rádio" brincando e brigando!
Quem nunca fez um balanço numa árvore (ou pelo menos tentou), ou arrancou umas folhas ao passar, ou se abrigou em sua sombra reconfortante?
Há quem diga que seus frutos ficam no alto na intenção da natureza de proteger sua parte mais importante e sensível dos gases tóxicos que ficam próximos ao solo, como também nossa cabeça fica no alto (O perfume).
Há quem já tenha caído feio de uma e quebrado costelas (papai!).
Há quem tente se refugiar da chuva embaixo delas e quem passe bem longe por medo de insetos e cocô de passarinho!
Há quem tenha medo de subir em uma.
Há ainda quem nunca tenha abraçado uma - esse são loucos!
AMO as árvores, e você?

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Insensível

Estava eu refletindo por estes dias sobre o quanto eu sofria quando criança ao ver animaizinhos abandonados e injustiças sociais em geral dos seres humanos contra os seres humanos... minha reflexão era exatamente sobre como passei a lidar com estas coisas depois de crescida; e a verdade é que simplesmente parei de enxergá-las. Insensível?

Hoje, por mais uma ocasião do destino, bem nos exatos sessenta segundos que levo para fechar o portão capenga da minha casa e entrar no meu carro estacionado na sombra do vizinho, fui abordada por um rapaz de voz forte, negro, em uma bicicleta que se aproximou pedindo minha atenção, apresentando-se como Sérgio, dizendo-se jardineiro e pedindo pra arrancar os matos da frente da minha casa. Respondi, mau olhando para o rapaz, que ele deveria falar com minha mãe, mas que ela já tinha jardineiro e continuei atravessando a rua. Ele continuou seu caminho e disse que precisava de um leite, ao que respondi que a data era péssima por se tratar de final de mês e falta de mantimentos. Ele não deu-se por vencido e disse que o que ele precisava mesmo era de uma cesta básica e eu, abrido a porta de meu carro, fui surpreendida por mais uma investida: Moça, eu gosto mesmo de trabalhar, não gosto de pedir, mas a senhora tem dois reais? Deus vai te dar em dobro! Eu não conseguiria mentir e disse: Cara, é a única coisa que você vai conseguir de mim! Eu não tinha mesmo mais dinheiro, mas se o tivesse também não o quereria dar, mas... contei as moedas e ao perceber que contar moedas me incomodava, virei meu porta níquel na mão e coloquei todas as moedinhas na mão de pele grossa do rapaz negro estendida, chamado Sérgio, que prefere trabalhar mas se não tem jeito pede, que me desejou que Deus me desse em dobro e eu só pude dizer enquanto ele se desculpava e agradecia, desejando mais uma vez que Deus me desse em dobro: Por favor não me agradeça, eu só quero que você tenha em sorte o que lhe sobra em disposição.

Insensível?

Não.

É por sentir demais.

domingo, 4 de março de 2012

Coisas que você nunca ouviu (mas que deveria)

Nossa, queria ter esse tanto de celulite!
Que beleza de gordura localizada!
Que deformidade linda!
Ainda vou ser gordo assim!
Nada como um olho torto!
Sua corcunda é demais!
Adoro um nariz torto!
Como eu gostaria de não ter dinheiro!
Todas as reticências do mundo...........

Todo ser é uma obra de arte única. Se a beleza real está nas diferenças, nas singularidades porque sofremos, imploramos e daríamos tudo para sermos iguais uns aos outros???

Que sua semana seja singular!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O conto dos pepinos

Era uma vez em um mundo conhecido, uma senhora que se via afogada em meio a milhões de pepinos.
Havia pepinos de todas as formas, de vários tamanhos e de todas as cores, pepinos sinônimos de problemas, dificuldades e dissabores.
Essa senhora atrapalhada, não sabia o que fazer para que pudesse de seus pepinos se desfazer.
Mas naquele mundo maluco, cheio de reviravoltas que só ele dá, os pepinos passaram a se valorizar.
E a dona empepinada viu seus pepinos virarem um tesouro e passou a vendê-los a peso d'ouro!
The end.

Análise do conto:

Pepino é sinônimo de problemas e eu, como creio que como você também, não valorizo meus problemas.
Não que eu pense que problemas devam ser supervalorizados, super contados pra todos ao nosso redor, super sofridos, super doídos, mas não posso negar que enxergo uma certa beleza na problemática geral.
A vida é um eterno comprar, arrumar e descobrir o que fazer com nossos pepinos; e aí vai a resposta: salada, salada e salada! (alguém sabe algo mais o que se faz com pepinos?)
Pois é, lida-se com eles. Cada um a sua maneira, cada vez de uma forma diferente, mas a gente vai dando um jeito, superando, aprendendo a levar e relevar e nos transformando cada vez mais em fazendeiros prósperos de pepinos bem resolvidos!
As dificuldades/problemas/pepinos nos impulsionam à evolução e por esta razão eles tem peso de ouro!


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Miudinho

Só, só, sozinho...

Mais triste que passarinho sozinho no ninho.

Amiúde miudinho.

Toquinho.

Coração piquininiinho...

Sonho sonhado sozinho.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Hoje em dia...


Hoje em dia não se respeita mais aos idosos como antigamente.
Hoje em dia não se respeita mais aos pais como antigamente.
Hoje em dia não se respeita mais aos professores como antigamente.
Hoje em dia não se respeita mais à natureza como antigamente.
Hoje em dia é que existem gays.
Hoje em dia as coisas estão todas de qualquer jeito.
Hoje em dia há muitos assassinatos.
Hoje em dia está cheio de crimes de ódio, cheios de idéias de segregação por credo por raça, por orientação sexual, por corte de cabelo...

Só hoje em dia????

Quem nunca proferiu uma destas ou semelhante frase como que com propriedade de que as dificuldades supra-citadas são coisas exclusivas da geração atual?

Mas não são.

Respeito e falta dele, educação e falta dela, amor e ódio, violência e pacificidade, ganância e altruísmo, paciência e intolerância são características humanas e existem desde que a humanidade existe, a única e exclusiva razão de se crer que que há mais de cada um delas, hoje em dia, é que hoje em dia há muito mais seres humanos vivendo sobre o planeta e portanto mais próximos.

Reconhecer é primeiro passo para a mudança e a mudança deve vir de cada um de nós, indivíduos, pois se, hoje em dia, as coisas estão mais difíceis, somos nós, que vivemos hoje em dia que temos que mudá-las.