domingo, 6 de novembro de 2011

Banheiro (em) público

Um misto de dor, de nojo, de revolta e de pura piedade passou por meu ser neste fim de semana.

Primeiramente, no sábado, fui surpreendida por uma moça dormindo no chão atrás dos muros da cava do bosque em plena luz do dia. Não obstante meu interesse no que leva uma pessoa a deitar-se para dormir na calçada, cada um dorme onde quer, no entanto, uma pulguinha continuou a incomodar-me por detrás de minha orelha sobre quais os motivos que levam a tomar a decisão dormir de dia, na rua.

Logo pela noite, voltando para casa com meu amado pela madrugada, vislumbrei um porcão a fazer xixi em uma árvore perto de minha casa. Sempre me surpreendo virando o rosto quando me deparo com cena infelizmente comum em nosso país, mas seria realmente eu que deveria ter vergonha??? Por que será que somos tão incivilizados a ponto de acreditarmos que a rua é mais nossa do dos outros cidadãos para simplesmente sacarmos nossa pistola e mandarmos ver em nossas cidades, bairros, ruas, árvores e muros??? Eu sinceramente não devia sentir vergonha, mas sinto: vergonha alheia, vergonha por ser um ser de corpo e mente igual ao do outro que transpõe espaços e regras para mim intransponíveis.

Mas ainda tem pior, se é que é possível. No dia seguinte, ao passar novamente pelos muros da cava, verifico que a caminha feita de tecidos e papéis está lá, mas a moça não. Minha surpresa e indignação se dá ao ver uma outra moça, de corpo muito mais avantajado, logo ao lado da caminha, de cócoras, como que a ponto de parir um filho, mas parindo algo bem mais fétido que vocês certamente já imaginam o quê!
Sim, é isso mesmo! 
Na frente dos lares, detrás do bosque, ao lado da caminha da colega de pouca sorte ou muita imaginação, a moçoila transformou nossas ruas em banheiro público, sem dó, nem piedade e sem um pingo de vergonha à luz do dia!

O quão longe estamos do início de nossa civilização?
Qual a diferença entre Ribeirão Preto de hoje e da Paris medieval?

Não sei.... não sei.... nem tenho palavras, tenho vergonha.