sexta-feira, 17 de agosto de 2012

domingo, 12 de agosto de 2012

Fugir de casa

Adorável infância, adorável inocência onde somos levados por uma esperança cega de que a solução de todos os nossos problemas (que problemas?) podem ser resolvidos se fugirmos de casa.

Fugir de casa vira uma fantasia, um sonho da aventura perfeita em que as possibilidades de uma vida nova torna-se realidade em nossas cabecinhas inexperientes.

Quando eu era bem pequenina, sentia-me exatamente assim e creio que assim também se sentiu meu amado filho que confessou-me um dia ter procurado maneiras de fugir pelo nosso muro e depois telhado. Os motivos do trauma que o levaram a tal pensamento nem sonho, mas o que fiquei a pensar foi o que o levou a não escapar pela porta, já que a chave está sempre lá!!! 

Minha amiga querida chegou a fugir pela porta da frente (com uma trouxinha nas costa como no desenho do Pica-Pau sim e o mais longe que pôde ir foi até a esquina de sua casa!!! (morro de rir ao pensar uma menininha meiga e loura querendo e efetivamente fugindo de casa!!!)

Na minha adolescência, quando geralmente as coisas ficam mais tensas, minha fantasia era fugir para Aparecida do Norte. Sim, onde fica a catedral da padroeira do Brasil. Eu acreditava que em uma cidade "espiritualizada" ninguém negaria um emprego à uma jovem estranha. Pensava tanto que me via vendendo santinhos, velas de 1,70 e fitinhas benzidas.

Sim, uma vez eu realizei a fantasia e no meio da madrugada, no meio da noite, saí correndo no meio da rua no meio de uma briga com minha mãe. Corri e fui seguida por minha muito menor irmã que preferiu seguir-me ou na dor ou na fantasia e que sentiu comigo a angústia e a sensação única do vento no rosto da madrugada do não-saber.

Muitas vezes ainda quero fugir... mas fugir pra onde?