quinta-feira, 30 de maio de 2013

Periquito dá(?) sorte



O Shopping Center Norte, na zona norte de São Paulo, foi inaugurado quando eu tinha uns cinco anos de idade.
Passei minha infância, adolescência e início da idade adulta indo, praticamente, exclusivamente nele.
Houve uma época que o supermercado acoplado a ele era o Eldorado, com uma loja superior com utensílios, brinquedos e muitas coisas legais. Muitos mercados já passaram por lá desde então e penso que agora tenha uma loja do Carrefour, não que essa informação seja de muita relevância, mas penso: já que todos os mercados vendem as mesmas coisas, como uns podem dar certo e outros não?!
 A lanchonete que ficava grudadinha lá era uma chamada Texas Burger, a qual mamã me levava para comer um hamburguinho delicioso de vez em quando. Nunca mais vi outra do tipo, nem sei se tratava-se de uma rede ou de uma pobre tentativa de fazer hambugueres texanos com carne brasileira deliciosos!
As lojas do shopping em si trocaram muito durante o tempo que o frequentei e meu foco no que era uma loja divertida também. Primeiro eram as de brinquedos, ahhhhh.... aquelas em que você vê tudo e sonha dias e dias depois com o que não pode ter! Depois, quando adolescente, qualquer loja serve, mas geralmente a que te interessa é a que vende coisas da banda de rock que os amigos gostam, ou as de surf... nunca fui roqueira nem surfixta!!! Uma das coisas que não mudou (até hoje) foi a lanchonete do Mc Donalds, que foi muitas vezes considerada a de maior movimento no mundo. Sem dúvida sua melhor época foi bem aquela que a gente nem tinha grana pra ficar comendo no "Méc", o que fazia seu sabor tão mas tão mais delicioso do que é hoje!
O que também não mudou durante anos foi a presença de um senhor que ficava  aos domingos localizado na área central do shopping com um periquito verde solto, em uma casinha-gaiola amarela, na qual havia uma alavanca que o senhor girava e tocava uma música que parecia de caixa de música misturada com flauta boliviana, que está aqui em algum lugar no fundo na minha mente, mas impossível de reproduzir. Esse periquitinho, cercado pelo cheirinho da pipoca de carrinho, das crianças que ganhavam àquela bola gigante dos brinquedos de parques itinerantes que passavam por lá (aos quais nunca fui), e daquele zum zum zum de gente que parece feliz porque está gastando o suado dinheirinho, aguardava seu dono terminar de tocar a tal música e, à quem havia lhe pagado (geralmente casais de namorados com maçãs de amor na mão), tirava um papelzinho dentre muitos outros e o entregava à pessoa.
Incontáveis foram as vezes que passei por ali sempre interessada e intrigada pela canção, pelo passarinho e pelo que poderia estar escrito nos papeizinhos.
Um dia, fui finalmente convidada a retirar um desses papeizinhos, o que me deixou muito feliz e até atordoada. Lembro dele fofinho, do periquitinho, saindo da gaiola e pegando o papel, um amarelo, entregando pra mim e depois buscando a recompensa na mão do dono (provavelmente uma semente de girassol).
Não me lembro exatamente com que palavras, mas no papel dizia SORTE e que eu era uma pessoa muito boa e que eu não tinha mais bens materiais em razão dessa característica. Dizia também que meu casamento tardaria UM POUCO mas que seria de enorme felicidade. Depois disso seguiam uns números que deveriam me dar sorte.
Desde aquele dia, durante mais de dez anos andei com aquele papel dobrado em quatro dentro da minha carteira e de vez em quando o relia.
Qual não foi minha surpresa ao fazer a pesquisa para este texto que o da imagem logo acima é exatamente o mesmo que eu e que provavelmente toda a torcida do Corinthians recebeu!
De fato lá não tenho muitos bens materiais, não obrigatoriamente por me tratar de uma pessoa "boa", mas gosto de pensar que talvez seja por isso! rs No entanto, quando cismei que meu casamento começou a "tardar", achei que estava na hora de livrar-me do tal papelzinho.
Não, ainda não casei....

Um comentário:

  1. hihihihi...amei esse texto! Me trouxe mil recordações parecidas e me fez pensar que todos vivemos as mesmas coisas, de formas diferentes, mas sempre igual...

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