terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Minhas avós I





Sempre digo que tive sorte de ter duas avós como as que tive. É uma pena que quando a gente é criança ou mesmo adolescente nem percebemos a chance que temos em compartilhar a vida com pessoas com tanta experiência de vida e que atravessaram mais de uma geração. A gente, infelizmente não tem noção do que é ter a chance de ter nossos avós por perto.

Minha avó Lourdes, mãe do meu pai, era uma daquelas pessoas incansáveis. Toda vez que íamos pra Divino (Divinolândia é a cidade), ela ficava esperando a mim e aos filhos que iam chegando, e mesmo que chegássemos de madrugada ela se levantava e ainda ia esquentar o leite para todos, às vezes até fritava bife!

Sempre acordei cedo (enquanto criança), mas NUNCA consegui acordar antes dela. O dia dela começava por volta das cinco da manhã que já pulava da cama e colocava a casa em ordem e quando eu finalmente acordava lá estava ela na cozinha de fora, ou na parte da casa que chamávamos de armazém, ou ainda em um quartinho lá no fundo do quintal perto da horta que não existe mais, fazendo massas... massas de pastel, de pizza, bolachinhas, aqueles conezinhos que colocamos doce de leite... tudo pra vender, pra ajudar na receita da casa. Um tempo depois, uma das minhas tias me contou que a idéia dela de ter animais em casa como galinhas era na intenção de fazer os oito filhos terem refeições melhores. E tiveram.

Lembro que todo o dinheiro dela ficava na gaveta da cozinha e aquela casa era movimentada pra caramba e nunca ouvi-a dizer ou chorar ou gritar porque um tostão tinha sumido.

Sempre intendi a vida dela, a vida no interior como simples, mas não houve uma vez em que eu ou minha irmã chegássemos lá e que ela não tivesse um presentinho para nós ou um dinheirinho pra que pudéssemos ir ao comércio local gastar com bobagens.

Adorava ir à igreja com ela e uma vez fui a um terço, caraaacas, saí zonza de tanta oração!

NUNCA vi minha avó gritar, nunca vi ela blasfemar ou sequer reclamar da vida que tinha. Duas vezes a vi ficar bem brava. Uma foi quando eu, minha irmã e meus três primos brigávamos. Eu como era a maior (adorava ser a maior!), pegava e empurrava os três mais minha irmã (que sempre ficava do lado deles) em um colchão que estava no chão, um de cada vez (rs), ela chegou e bateu nos quatro, um tapa de formiga em cada um e a gente parou; ninguém se atreveria a desobedecê-la.

A outra vez que a vi MUITO MUITO brava, foi por uma das janelas de sua casa e foi com uma das minhas tias, mulheres de seus filhos, que havia reclamado com ela sobre o comportamento de minha irmã, ao que ela dizia depois de já ter colocado esta tia em seu lugar - Adulto é adulto, não se envolve em briga de criança!

Nesse Natal, como em todos em que ela era viva, todos os meus tios e tias e todos os meus primos estão reunidos na casa dela para confraternizar e celebrar a maior herança que ela (n)os deixou, a união familiar.

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