sábado, 25 de dezembro de 2010

Colégio


Uma das melhores e das piores fases da minha infância estão associadas à escola que estudei desde a primeira série, com sete anos, e da qual ainda me lembro do primeiro dia de aula: o Colégio da Polícia Militar.

Meu coração dói e meu estômago embrulha, além de que meus olhos se enxem de lágrimas ao lembrar da escola que mais amei. Tenho muitas muitas saudades desta época da minha vida.

Lá eu fiz meus primeiros amigos de verdade e foi lá em que me apaixonei pela primeira vez (por um menino loiro e branco feito papel que se chamava Frank, ele nem ligava pra mim... mas que menino liga aos sete anos de idade?)!

Lá em meus recreios eram feitos de pega-pegas loucos pela escola toda. Foi lá que descobri que tênis sem meia dava bolha, foi lá que tentei contatar a "loira do banheiro", que dei meu primeiro e ridículo beijo na boca e de lá saiu meu primeiro namorado.

Durante o período de sete anos que estudei lá, fui arrancada duas vezes de seus braços escolares: uma quando mudamos para Ribeirão Preto, eu tinha nove anos e outra quando minha avó materna decidiu que eu tinha que morar nos Estados Unidos (apesar de não querer foi tudo maravilhoso - história pra uma outra hora), eu tinha doze anos.

Me lembro dos xis maionese que comia no lanche e me lembro que a muvuca era tão grande na cantina que nossa amiga da lanchonete as vezes nos dava o sanduba de graça!

Me lembro das professoras... minha primeira professora, Zulma, foi um anjo em minha vida! Uma adorável professora de artes foi quem notou que eu escrevia bem pela primeira vez. Me lembro também de uma malvada que além de dizer que eu era má influência (KKK), me repetiu em sua matéria ao final do ano - obrigada Delegacia de Ensino!

Quando era pequena, lá nas séries iniciais, houve um episódio em que obriguei uma coleguinha da perua escolar a ficar comigo escondida no banheiro só pra perua ir embora e nossa mãe ter que nos buscar. Levei a maior bronca e a coitada apanhou dos avós, pois era com eles que ela morava! Pensando por esse ângulo, acho que aí sim fui uma má influência, mas eu queria muito que minha mãe fosse me buscar, o que eu não sabia é que seria justamente a distância que minha mãe não queria percorrer pra me buscar que no futuro a faria me tirar da escola que eu tanto amava.

Lembro das mudanças feitas na escola desde a primeira vez que entrei lá, das pintangueiras, mesmo nunca tendo gostado de pitangas, das pedras que eram bancos, dos meninos jogando futebol e todas as milhares de vezes que me apaixonei até finalmente começar a namorar.

Adorava as aulas de educação física e foi lá que nasceu meu amor por esportes, principalmente pelo basquete - jogava no intervalo com os meninos! E foi lá também que as professoras de inglês notaram que eu era boa na bagaça!

Lembro dos dias que fazia prova e ficava o resto da tarde esperando minha irmã, que era menor e não era liberada da aula, sair e que ficava do lado de fora da escola só aprontando... acho que minha mãe nem supõe o quanto que eu aprontava ficando lá!

Fiz grandes amizades que continuam até hoje.

O grande sofrimento ao que me referi no início da postagem é o fato de minha mãe finalmente ter me arrancado de lá definitivamente quando eu tinha uns quatorze anos com a justificativa de nos colocar em uma escola mais perto... até hoje não superei, até hoje sinto falta do que não terminei de viver lá... eu AMAVA aquela escola e ainda amo e acho, inclusive, que o fato de ter me tornado professora tem a ver com essa vida que eu tive lá.

Hoje em dia, quando tenho idéias de tirar meu filho da escola em que ele estuda desde os dois anos me pego a lembrar de como foi comigo e a idéia acaba indo embora.

Nada como viver o que a gente tem pra viver até o fim.

Um comentário:

  1. Como saber aonde está o fim? Da sua experiência nasceu a linda esperança de fazer o seu melhor e migrar na linhagem escolar e como são felizes seus alunos que receberam esta oportunidade,de tê-la como docente!
    Talvez se vc se mantivesse lá até o fim dos dias escolares, esta lembrança tão doce estaria bem longe de ser sentida por tí...Pense nisso...Amo vc!!Tati

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